Durante o 33º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Sidney Klajner, participou do Podcast CMB e trouxe uma reflexão profunda sobre o papel da inovação, da tecnologia e das parcerias institucionais na construção de um sistema de saúde mais equitativo e sustentável.
Com ampla experiência em gestão hospitalar e um olhar voltado para a modernização da saúde, Dr. Sidney reforçou que os hospitais filantrópicos têm papel central na ampliação do acesso à alta complexidade no Brasil, atuando em sinergia com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com a rede privada. “A alta complexidade está no DNA de instituições como o Einstein. Por meio das parcerias público-privadas, conseguimos levar conhecimento, práticas seguras e qualidade a uma população muito maior”, afirmou.
Inovação e tecnologia como instrumentos de equidade
Para o médico, inovação e digitalização não são apenas tendências, mas necessidades estruturais para garantir acesso e eficiência. Ele relembrou o impacto da telemedicina durante a pandemia de Covid-19 e o avanço da chamada “inteligência ampliada”, conceito utilizado pelo Einstein para descrever a aplicação da inteligência artificial no apoio às decisões clínicas.
“A inteligência ampliada é uma forma tecnológica de aumentar nossa capacidade enquanto profissionais de saúde. Ela não substitui o médico – amplia a nossa inteligência e melhora a precisão das decisões”, destacou.
Dr. Sidney compartilhou exemplos concretos do uso de algoritmos na gestão hospitalar, como sistemas de predição de internações e de agendamento cirúrgico, que otimizam recursos e ampliam a produtividade. “Com base em dados e inteligência, conseguimos prever a necessidade de internação, reduzir desperdícios e melhorar o uso de salas cirúrgicas – tudo com a mesma infraestrutura”, explicou.
O poder dos dados na tomada de decisão
A entrevista também abordou o papel dos dados clínicos e administrativos como base para uma gestão eficiente e para o avanço da medicina personalizada. Segundo o presidente do Einstein, um paciente internado em terapia intensiva pode gerar mais de 20 mil dados por hora – e transformar essas informações em conhecimento é essencial para diagnósticos precoces e decisões assertivas.
“Os algoritmos conseguem identificar padrões que o cérebro humano levaria dias para reconhecer. Isso permite antecipar problemas e agir antes que o quadro se agrave”, afirmou.
Ele reforçou que o setor hospitalar vive um novo ciclo, em que a análise de dados é tão importante quanto a prática clínica. “Sem dados, não há diagnóstico — e sem diagnóstico, não há gestão. É o mesmo raciocínio da medicina aplicado à administração hospitalar”, completou.
Colaboração e cultura de inovação
Ao tratar dos desafios de implantar inovação em larga escala, Dr. Sidney foi enfático: nenhuma instituição inova sozinha. Para ele, os avanços mais significativos ocorrem quando ensino, pesquisa, gestão e assistência caminham juntos.
“Inovação depende de colaboração. No Einstein, trabalhamos para que todas as áreas estejam no mesmo barco, porque é isso que gera resultados reais. E, quando ampliamos essa lógica para parcerias com outras instituições filantrópicas e de pesquisa, conseguimos alcançar transformações que beneficiam toda a sociedade”, explicou.
O presidente do Einstein também defendeu a importância de fóruns como o Congresso da CMB, que reúnem gestores e especialistas de diferentes regiões do país. “Estar em um ambiente como este é fundamental. É aqui que compartilhamos desafios, construímos soluções conjuntas e fortalecemos a saúde filantrópica”, afirmou.
Desafios e oportunidades para o futuro da saúde filantrópica
Para Dr. Sidney, o grande desafio das instituições filantrópicas é equilibrar missão social e sustentabilidade operacional, ampliando o acesso à saúde de qualidade em um país com profundas desigualdades. “Três quartos da população brasileira dependem exclusivamente do SUS. O nosso desafio é garantir que todos tenham acesso aos mesmos padrões de qualidade e inovação, independentemente da condição socioeconômica”, destacou.
Ele ressaltou que o compromisso filantrópico não se resume à gratuidade, mas à entrega de valor à sociedade. “Ser filantrópico é utilizar mecanismos inovadores para cumprir a missão de oferecer vidas mais saudáveis. É investir em conhecimento, tecnologia e cuidado humano”, afirmou.
Uma mensagem aos gestores: coragem para inovar
Encerrando a entrevista, Dr. Sidney deixou uma mensagem inspiradora aos gestores e líderes da saúde: “não tenham medo de disromper sistemas antigos”. Segundo ele, os desafios atuais da saúde exigem novas formas de pensar e agir.
“A inovação é fundamental. O maior risco não está em tentar algo novo, mas em continuar fazendo as coisas do mesmo jeito. É preciso coragem para romper, buscar parcerias e abrir espaço para ideias criativas. É assim que avançamos”, afirmou.
O episódio completo do Podcast CMB com o Dr. Sidney Klajner está disponível no canal da CMB no YouTube, com reflexões sobre inovação, gestão, dados e colaboração na saúde filantrópica.📺 Assista na íntegra no canal da CMB no YouTube.