Durante o 33º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, a presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida e idealizadora da campanha Novembro Azul, Marlene Oliveira, participou do Podcast CMB e trouxe uma reflexão profunda sobre o papel das instituições filantrópicas na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na mobilização social em torno do cuidado integral do homem.
Com uma trajetória marcada pela defesa da saúde pública e pela capacidade de transformar informação em ação, Marlene destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS) depende essencialmente das Santas Casas e entidades filantrópicas para existir.
“O SUS não existe sem as filantrópicas. Elas são a base do atendimento e da assistência no país. Quando falamos em prevenção e diagnóstico precoce, falamos do trabalho diário das Santas Casas, que acolhem, cuidam e tratam milhões de brasileiros”, afirmou.
Novembro Azul: um movimento que nasceu no Brasil e inspirou o mundo
Durante a entrevista, Marlene relembrou a criação do Novembro Azul, lançada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em 2011, com o propósito de quebrar tabus e incentivar os homens a cuidarem da própria saúde. O movimento, que começou como uma campanha nacional, tornou-se um fenômeno global, inspirando países da América Latina e ganhando projeção internacional com ações em locais simbólicos, como a Times Square, em Nova Iorque.
Para Marlene, o Novembro Azul representa mais do que uma campanha: é uma mudança cultural profunda. Ela explica que o homem, historicamente, não possui o mesmo hábito de cuidado com a saúde que as mulheres, e que o movimento abriu um canal importante de diálogo.
“O Novembro Azul foi uma janela de oportunidade para aproximar o homem do sistema de saúde. Ele precisa entender que saúde não é só próstata — é coração, mente, corpo, é o todo. Cuidar de si é um ato de responsabilidade com a vida e com a família”, afirmou.
Prevenção contínua e cultura do cuidado
A presidente do Instituto Lado a Lado reforçou que a prevenção precisa ser encarada como um compromisso contínuo, e não como uma ação restrita ao mês de novembro. Para ela, o cuidado com a saúde deve ser uma pauta permanente nas políticas públicas, nas empresas e nas comunidades.
“O Novembro Azul precisa ser de novembro a novembro. Falar de saúde não é campanha de ocasião — é compromisso permanente com a vida”, ressaltou.
Marlene lembrou que as Santas Casas são protagonistas nesse processo, pois atuam diretamente na educação em saúde e no diagnóstico precoce, dois pilares essenciais para reduzir índices de mortalidade e promover qualidade de vida. O trabalho filantrópico, segundo ela, é o que transforma a teoria em prática, levando informação e atendimento onde o Estado nem sempre consegue chegar.
Humanização e propósito compartilhado com as filantrópicas
Ao longo da conversa, Marlene fez um paralelo entre o trabalho das organizações da sociedade civil e o das instituições filantrópicas, destacando que ambas compartilham um mesmo propósito: colocar o ser humano no centro do cuidado. Ela ressaltou que essa convergência de valores é o que sustenta a relevância das Santas Casas no sistema de saúde brasileiro.
“Existe uma sinergia muito forte entre o que fazemos no Instituto e o que as filantrópicas realizam todos os dias. É o olhar humano, o acolhimento e a escuta. Humanização não é discurso — é prática, e o setor filantrópico faz isso com excelência”, afirmou.
A dirigente destacou também a resiliência e o comprometimento das Santas Casas, que continuam prestando serviços essenciais mesmo diante de crises financeiras e desafios estruturais. Para Marlene, a força do setor está no propósito: servir e cuidar, com empatia e dedicação.
Sustentabilidade e financiamento como desafio central
Entre os temas abordados, Marlene também destacou a necessidade urgente de repensar o modelo de financiamento do setor filantrópico. Segundo ela, as entidades vivem no limite e precisam de um olhar diferenciado do poder público para garantir sua sustentabilidade.
“Recursos existem, mas é preciso saber direcioná-los. As filantrópicas estão no limite. Elas persistem, inovam, fazem campanhas, mas precisam de um olhar diferenciado. É injusto penalizar quem mantém o SUS de pé”, afirmou.
A líder reforçou que, apesar das dificuldades, as Santas Casas continuam sendo o pilar do atendimento hospitalar no Brasil, especialmente nas regiões mais vulneráveis. E destacou que o futuro do sistema de saúde depende da capacidade de integrar esforços, fortalecer redes de cooperação e ampliar o diálogo entre Estado, sociedade e setor privado.
Coragem, criatividade e amor ao próximo
Encerrando sua participação, Marlene deixou uma mensagem de inspiração aos gestores das Santas Casas e hospitais filantrópicos de todo o país. Para ela, é preciso unir coragem, criatividade e propósito para continuar avançando.
“A vida nos pede coragem. Cada gestor precisa entender o papel transformador que tem nas mãos. É preciso cocriar soluções, buscar parcerias, olhar para outros setores e trazer novas ideias para o cuidado com o outro. O amor e o compromisso com a vida não podem se perder nesse caminho.”
Frequentadora assídua dos congressos da CMB, Marlene afirmou que eventos como o Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos são fundamentais para fortalecer a união do setor e promover a troca de experiências entre lideranças de todo o país.
“É um evento que gera conhecimento e provoca reflexão. As mesas trazem temas atuais, expõem nossas feridas e nos ajudam a buscar soluções. Eu saio daqui com aprendizados que vou levar para a vida. Esse é o verdadeiro valor da troca”, concluiu.
O episódio completo do Podcast CMB com Marlene Oliveira está disponível no canal da CMB no YouTube, reunindo reflexões inspiradoras sobre o papel das Santas Casas e o impacto da mobilização social na construção de um sistema de saúde mais humano, equitativo e sustentável.
📺 Assista na íntegra no canal da CMB no YouTube.
Esta matéria integra a cobertura especial do 33º Congresso da CMB no Podcast CMB.