Durante o 33º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, a médica e especialista em gestão e liderança hospitalar Dra. Filomena Camilo do Vale, a Dra. Filó, participou do Podcast CMB e compartilhou uma das conversas mais inspiradoras do evento.
Reconhecida por sua trajetória de décadas dedicadas à saúde, a Dra. Filó falou sobre o desafio de equilibrar qualidade assistencial e sustentabilidade nas instituições filantrópicas. “Fazer saúde de ponta com poucos recursos exige coragem, criatividade e fé. Não é fácil, mas é possível quando há propósito”, afirmou.
Gestão com coragem e propósito
Para a médica, o papel do gestor vai além dos números e da administração de recursos: é também um ato de resistência.
“Saúde não é favor, é direito. E se eu nego esse direito, eu nego a dignidade. Os gestores das Santas Casas são a voz dos invisíveis – daqueles que não aparecem nas manchetes, mas precisam de cuidado e respeito”, declarou.
Ela destacou que desistir não é uma opção. “Quando o gestor se cala, perde-se a voz de quem mais precisa. Ser voz é enxergar o outro e lutar por ele.”
Humanização como base da liderança
Ao falar sobre sua experiência de 37 anos no CTI, a Dra. Filó emocionou ao contar uma história que simboliza seu modo de ver a liderança: o reconhecimento do valor de cada pessoa na instituição.
Ela relembrou o diálogo com uma funcionária da limpeza que, abatida, dizia apenas “eu limpo o chão”. A resposta de Dra. Filó se tornou uma lição de propósito:
“Você salva vidas. Se não limpar bem o chão, eu terei bactérias resistentes, e uma criança pode não voltar para casa. Então, quando alguém te perguntar o que você faz, diga com orgulho: ‘Eu salvo vidas’.”
A médica reforçou que liderar é inspirar significado, dar sentido ao trabalho e mostrar que cada profissional, independentemente de sua função, faz parte de uma corrente que salva vidas.
A integralidade do cuidado
Dra. Filó também defendeu uma visão ampliada do cuidado: enxergar o paciente em sua totalidade, não apenas a doença. “Tratar não é suficiente. É preciso ver o ser humano na sua inteireza, entender a história por trás da dor e ajudá-lo a se levantar para continuar o caminho.”
Essa visão, segundo ela, também deve ser aplicada às equipes: “O gestor precisa cuidar de quem cuida. Humanizar a gestão é fortalecer o cuidado.”
CMB como voz coletiva e instrumento de transformação
A especialista destacou a importância do Congresso da CMB como espaço de troca e fortalecimento do setor filantrópico.
“Quando nos reunimos, escutamos as realidades de diferentes regiões e traçamos juntos novas metas. A CMB é uma representação viva da nossa luta. Quando unimos nossas vozes, fazemos um barulho maior – e isso transforma”, afirmou.
Ela ressaltou que encontros como o Congresso são fundamentais para inspirar gestores e renovar o sentimento de pertencimento: “Esses momentos reafirmam laços, fortalecem redes e mostram que todos enfrentamos desafios parecidos – e que podemos superá-los juntos.”
Verdade, clareza e empatia como caminhos para o futuro
Encerrando a entrevista, Dra. Filó refletiu sobre o futuro da saúde filantrópica e o papel dos líderes das Santas Casas. “Precisamos aproximar o poder público da realidade dos hospitais. Só com clareza e verdade conseguimos mostrar que a conta não fecha – e que, sem dignidade, não há saúde. Mas juntos, com propósito, é possível transformar.”
Com sua fala firme e sensível, a médica deixou uma mensagem de esperança e pertencimento: “Somos uma corrente, e cada elo importa. Quando abraçamos uma instituição, salvamos vidas e fazemos a diferença na vida dos outros.”
O episódio completo do Podcast CMB com a Dra. Filó está disponível no canal da CMB no YouTube, reunindo reflexões sobre liderança, humanização e propósito na gestão hospitalar.
📺 Assista na íntegra no canal da CMB no YouTube.