Durante o 33º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, a superintendente da Santa Casa de Misericórdia de Itajubá (MG), Renata Renne Finamor, participou do Podcast CMB e compartilhou sua visão sobre os caminhos para fortalecer a sustentabilidade das instituições filantrópicas sem perder o foco essencial: o cuidado com as pessoas.
Com mais de duas décadas de experiência na gestão hospitalar, Renata destacou que a sustentabilidade financeira deve ser consequência de uma cultura organizacional sólida, humanizada e centrada no paciente. “Sustentabilidade não é cortar custos, é agregar valor. É garantir qualidade, investir em pessoas e em tecnologia, e manter a humanização como pilar de toda decisão”, afirmou.
Sustentabilidade com propósito
Renata ressaltou que o equilíbrio entre gestão estratégica e qualidade assistencial é um dos maiores desafios do setor, especialmente em um contexto de restrições orçamentárias. Para ela, o ponto de partida está na governança transparente e participativa, aliada ao engajamento das equipes.
“A qualidade é o que sustenta as finanças. Governança ética, investimento em inovação e educação continuada são os pilares que garantem que a instituição se mantenha viva e relevante”, destacou.
A superintendente explicou que o olhar para a sustentabilidade deve considerar tanto o paciente quanto o colaborador: “O nosso capital humano é o ativo mais valioso. Quando cuidamos das pessoas que cuidam, fortalecemos o hospital e melhoramos a experiência de quem está do outro lado”.
Humanização como estratégia de gestão
Um dos pontos centrais da conversa foi o papel da humanização como vetor de sustentabilidade. Renata lembrou que a valorização dos colaboradores é determinante para os resultados institucionais.
“Humanizar não é apenas tratar bem o paciente, mas também oferecer acolhimento e respeito aos profissionais de saúde. Quando o colaborador se sente visto e valorizado, ele se torna protagonista e leva esse cuidado para o paciente”, observou.
Ela também destacou o conceito de compaixão como indicador de qualidade, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde. “Pacientes tratados com compaixão apresentam altas mais rápidas e melhores resultados clínicos. O cuidado humanizado é, portanto, também uma estratégia de eficiência”, explicou.
Governança, inovação e dados como pilares da sustentabilidade
A superintendente apresentou os pilares que sustentam a atuação da Santa Casa de Itajubá: governança ética e participativa, qualidade assistencial, inovação tecnológica e gestão baseada em dados.
Segundo ela, a certificação conquistada pela instituição junto à ONU simboliza não apenas reconhecimento, mas uma prática vivida no cotidiano. “Não é sobre ter um quadro na parede. É sobre vivenciar a qualidade no dia a dia e resolver problemas de forma profissional, com base em indicadores reais”, afirmou.
Renata também ressaltou a importância do uso inteligente da tecnologia para otimizar processos e devolver tempo aos profissionais. “A tecnologia deve ser nossa aliada, permitindo que o tempo seja dedicado ao que mais importa: o atendimento ao paciente. Além disso, trabalhar com dados é essencial – quem não mede, não melhora”, completou.
A pandemia como marco de aprendizado e união
Relembrando o período da pandemia, Renata descreveu o momento como um divisor de águas na história da Santa Casa. A instituição expandiu sua capacidade de atendimento e se tornou referência regional em ações integradas de enfrentamento à Covid-19.
“Foi um momento de dor, mas também de virada de chave. Unimos nossa equipe em torno de um propósito: salvar vidas. Fomos contra pressões políticas quando necessário e mantivemos o foco no que era essencial – o paciente. Essa postura nos deu voz e fortaleceu nossa missão”, relembrou.
A atuação durante a pandemia levou a instituição a conquistar o selo ONU Nível 1, um reconhecimento do compromisso com a qualidade e a segurança do paciente. “Foi uma chancela do nosso esforço coletivo. Mostrou que o trabalho sério, mesmo em tempos de crise, gera frutos duradouros”, disse.
Filantropia, união e futuro da gestão hospitalar
Na visão de Renata, o futuro da filantropia depende da união entre as Santas Casas, da atualização dos modelos de financiamento e do fortalecimento das lideranças regionais.
“Precisamos de políticas públicas mais justas e de uma revisão da tabela SUS, que hoje não cobre a realidade dos custos. Mas, acima de tudo, precisamos manter nossa essência: cuidar de pessoas. A humanização, a capacitação e a inovação são o caminho para a sustentabilidade”, afirmou.
Ela destacou ainda o papel da CMB e das federações estaduais na integração do setor. “Eventos como o Congresso são fundamentais porque nos unem, dão voz aos gestores e fortalecem o sistema filantrópico como um todo. Sozinhos, não conseguimos mudar o cenário, mas juntos, sim.”
Cuidar de pessoas é cuidar da sustentabilidade
Encerrando a entrevista, Renata reforçou que o segredo da sustentabilidade está em colocar o ser humano no centro da gestão.
“Quando a gente entende que cuidar de pessoas é o nosso principal negócio, tudo muda. O resultado financeiro é consequência de uma gestão ética, humana e inovadora. Sustentabilidade é, antes de tudo, propósito”, concluiu.
O episódio completo do Podcast CMB com Renata Renne Finamor está disponível no canal da CMB no YouTube, reunindo reflexões sobre sustentabilidade, governança, inovação e o papel das Santas Casas na construção de um futuro mais humano e colaborativo para a saúde.
📺 Assista na íntegra no canal da CMB no YouTube.